Me engana que eu posto, por Thiago Gusso

Se você acredita em tudo o que lê na internet, passou da hora de rever os seus conceitos se não quiser ficar mal informado e/ou, involuntariamente, virar cúmplice de injustiças. Isso, porque muita gente não verifica a origem das informações e acaba ajudando a espalhar boatos e notícias falsas nas redes sociais, de forma especial no WhatsApp e Facebook, as mais utilizadas no Brasil atualmente. São boatos dos mais inocentes até aqueles que podem gerar sérios prejuízos sociais, muitos dos quais, inclusive, em processos penais, responsabilização por crimes.

Nesse contexto, surge a pergunta: por que esse tipo de conteúdo é tão presente hoje em dia? Talvez uma explicação válida é o fato de que essas falsas notícias são produzidas justamente com o intuito de serem difundidas ao maior número de pessoas e não de informar como ocorre ou deveria ocorrer com a produção jornalística em geral. Conteúdo apelativo, muitas vezes acompanhado de imagens ou argumentos que “validam” a mensagem ajudam nesse sentido de disseminação da informação inventada. Pedidos do tipo “espalhe essa mensagem para outros grupos” ou “compartilhe o máximo que puder” devem sempre serem vistos com desconfiança.

Muitos se perguntam: mas que mal tem compartilhar uma informação, se minha intenção é ajudar? O problema é que por trás de cada boato existe uma motivação geralmente desconhecida da grande maioria daqueles que o compartilham. Um exemplo muito comum são os boatos envolvendo políticos, em que um grupo tenta prejudicar a imagem do outro perante o público eleitor. Outro são aqueles em que a imagem de um cidadão comum é compartilhada com um texto ou áudio que atribui à pessoa da foto um crime que ela não cometeu. Até homicídio já foi registrado baseado em boato como esse. Sim! Inocentes morrem porque as pessoas compartilharam a imagem de supostos criminosos que são associados com pessoas inocentes. Há pessoas, sedentas pela “justiça”, nem que seja “com as próprias mãos”, que matam baseadas em boatos. Pelas leis penais, um homicídio é um homicídio independentemente de ação voluntária ou não. Enfim, esses são apenas alguns dos inúmeros exemplos que se pode citar.

Outro tipo de boato é aquele que gera milhares de cliques para determinado site ou blog (geralmente desconhecido) qual chama a atenção dos internautas com informações falsas e sensacionalistas para ganhar dinheiro dessa forma, pois são remunerados de acordo com a quantidade de acesso que seus “canais de comunicação” recebem.

Estudiosos comprovam que boato e fofoca são fenômenos tão antigos quanto a humanidade, apenas a forma de propagá-los é que tomou novas proporções e essa é a preocupação com o tema nos dias atuais. A notícia falsa pega porque, de certa forma, alimenta o imaginário das pessoas, com uma intensidade, que notícias verdadeiras e bem apuradas dificilmente conseguem atingir.

O que as pessoas precisam entender é que, ao compartilharmos mensagens falsas, de qualquer tipo, estamos legitimando essa informação para nossas redes de amigos, familiares, conhecidos, etc. Essas pessoas podem compartilhar com outras redes e, rapidamente, a informação que repassamos de forma inocente atinge milhares de pessoas. Tanto quem produz como quem compartilha notícias falsas têm suas responsabilidades sobre os danos que elas causam.

É preciso muita cautela para evitarmos prejuízos a terceiros e até mesmo a nós mesmos. O primeiro passo é não acreditar em tudo o que você lê na internet. Pesquisas rápidas pelos mecanismos de busca da internet, na maioria das vezes, já confirmam se a informação é confiável ou não.

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Thiagão

Jornalista pela PUC/PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) com pós-graduação em Marketing Empresarial pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), Thiago Gusso já trabalhou em importantes projetos de comunicação de Curitiba (PR) e Itapoá. Atualmente, responde pela Direção do site Tribuna de Itapoá e do jornal impresso Itapoá Notícias, nos quais segue também em sua atuação como jornalista. E-mail: thiago@itapoanoticias.com

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