CRÉDITOS: Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina.
Neste domingo, dia 24 de agosto, é celebrado o Dia da Infância. Voltada aos direitos da criança, entre os quais, a saúde, a data foi criada em 1995 pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). Um tema recorrente quando o assunto é saúde da criança, é a obesidade infantil. O tema preocupa médicos, pediatras e nutricionistas. Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) entre os anos de 2008 e 2009 apontam que um terço das crianças brasileiras está acima do peso recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Na imagem, um gráfico nutricional das crianças ao longo das décadas:
A Secretaria de Estado de Saúde de Santa Catarina entrevistou Maria Marlene de Souza Pires, pediatra nutróloga do Hospital Infantil Joana Gusmão, de Florianópolis, para falar sobre o assunto. Confira:
Que mudanças estão ocorrendo com a saúde nutricional infantil?
Maria Marlene: Quando a criança nasce, ocorre o que chamamos de desaceleração relativa do peso. É o período em que ela mais ganha peso em relação aos outros anos. Mas, na verdade, o que ocorre é uma desaceleração. Por exemplo, nos primeiros três meses de vida ela ganha 700 gramas por mês. Nos outros meses, sucessivamente, adquire 600g, 500g, 400g, 250g e 200g. Então, ela faz uma curva desacelerada, mas que no gráfico se mostra homogênea, sem mudar de canal. E assim é que deve ser. No entanto, grande parte das crianças vem aumentando cada vez mais seu peso antes dos seis anos, e mudando seu canal de crescimento de peso para um canal superior ao seu. Após os seis anos a criança aumenta um pouco mais seu peso para se preparar para o estirão da puberdade, mas ainda assim se mantém dentro do seu canal. O que observamos hoje é que a criança não chega a descer totalmente dessa curva de desaceleração. A isso chamamos de rebote da adiposidade precoce. Isso deveria ocorrer lá pelos seis a sete anos. Mas está ocorrendo bem antes, e as crianças com cinco anos já começam a desenvolver obesidade.
O fator genético tem alguma influência?
Maria Marlene: Existe o que chamamos de Mil Dias, que são os nove meses de gestação, mais os dois primeiros anos de vida da criança. A soma dá mil dias. E é esse período que decide a vida do ser humano, em que há uma mensagem genética. Mas o ambiente ao redor da criança também muda isso, ao que classificamos de Metilação. Nesse contexto, o DNA não sofre alteração, mas muda a forma como ele passará a se expressar. É sempre assim, interação entre genética e ambiente.
A dieta da mãe tem um papel preponderante para o desenvolvimento da criança?
Maria Marlene: Se durante a gestação, a mãe tiver uma dieta e atividade física inadequadas, ela vai mandar essa informação para o seu bebê. Por exemplo: se ela consumir muita gordura trans, sal, açúcar, alimentos que contenham xarope de milho como refrigerantes e doces, ela enviará um código para cérebro do bebê, alterando a concepção desses alimentos e do apetite.
Quais as implicações decorrentes da dieta equivocada?
Maria Marlene: A dieta equivocada aumenta a massa gorda, altera a composição corporal, o metabolismo, principalmente o metabolismo energético e os hormônios sinalizadores da fome e preferências do paladar. Somado a isso ainda estamos em um ambiente hostil, com agrotóxicos, metais pesados e obesogênico. Por exemplo, a presença de um fator que denominamos Bisfenol A. Ele está presente em nosso ambiente e pesquisas têm mostrado que por ele ser um desregulador endócrino, está relacionado à obesidade, além de muitas outras enfermidades como, por exemplo, câncer, hiperatividade. Encontramos o Bisfenol A em as caixinhas de suco e latinhas de refrigerantes, bem como nas garrafas e embalagens plásticas utilizadas para aquecer ou congelar alimentos em microondas. Portanto, ao escolher as latas, é importante excluir as amassadas. Se o ambiente materno, intrauterino, apresentar alterações placentárias, restrição de nutrientes, diabetes, obesidade, ele vai programar o feto para esse ambiente, ou seja, a criança vai se adaptar a esse ambiente uterino. Se ela tiver restrição de crescimento, se não crescer muito, o cérebro dela irá se adaptar. Tudo irá se adaptar, os rins, o fígado, pulmão. Consequentemente, a criança já vai nascer restringida, e pode se tornar diabética, obesa, desenvolver um câncer, ser hipertensa, ter colesterol elevado. Por isso, é importante a mãe ter uma dieta e atividade física saudáveis para enviar mensagens positivas para o bebê. E a amamentação se constitui em um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento da criança.
Além da dieta da mãe, que outros fatores contribuem para a obesidade infantil depois que a criança nasce?
Maria Marlene: Não amamentar contribui em 40% o risco de a criança desenvolver obesidade, bem como fornecer alimentos processados (industrializados) durante os seis primeiros meses ou durante o primeiro ano de vida. Alimentos como alguns tipos de queijinhos cremosos, gelatinas ou iogurtinhos industrializados só poderiam ser dados aos quatro anos, e não aos seis meses como algumas mães equivocadamente fazem. Esses alimentos possuem, em média, seis colheres de chá de açúcar, o que já é um excesso, além das gelatinas terem adoçantes e corantes. Tudo que é pronto e industrializado tem muito açúcar e sal. Vale destacar que os produtos Diet e Light também devem ser evitados, exceto quando a criança tem uma enfermidade que a impeça de consumir como no caso da diabetes, doença celíaca, entre outras. Porque tudo que é light em uma coisa é over em outra. E o mais interessante: quando a embalagem traz escrito zero em gordura trans, é bom lembrar que é zero somente na porção. Mas se você comer mais de uma porção estará ingerindo gordura trans. Em resumo, a obesidade ocorre na falta do aleitamento materno, na ausência de atividade física e na ingestão de alimentos processados. Só para exemplificar: o leite materno, em sua composição, tem aproximadamente 1,4 a 1,8 gramas de proteína a cada 100 calorias, enquanto o leite de vaca possui seis gramas de proteína a cada 100 calorias e a quantidade de sódio é 3 vezes maior no leite de vaca do que no materno. O aumento de proteína provoca aumento de peso. Vale lembrar que leite pode levar a criança à anemia.
Colesterol e obesidade infantil estão associados?
Maria Marlene: O erro alimentar propicia a obesidade e o surgimento do colesterol elevado e hipertensão. Se a criança come uma salsicha, ela já comeu a quantidade de sal e de gordura para aquele dia. O macarrão instantâneo, que tem gordura trans, apresenta também excesso de sal. Logo, o colesterol está relacionado com a alimentação processada e industrializada. A criança deve comer em casa e ter uma dieta rica em frutas e verduras.
O uso de tecnologias de informática estão cada vez mais presentes no dia a dia do público infantil. Esses equipamentos contribuem para a obesidade?
Maria Marlene: Sim, principalmente a televisão. Alguns trabalhos sugerem que as crianças que assistem televisão quatro horas ou mais por dia têm mais chances de serem obesas.
Por que a televisão está mais associada à obesidade do que outros aparelhos?
Maria Marlene: Ao contrário de outras tecnologias, como games e internet, a televisão não proporciona interação. E as propagandas estimulam sempre a criança a comer, além de elas estarem com as mãos livres.
Confira as dicas da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, para prevenir a obesidade e as doenças crônicas em crianças:
– Fazer o pré-natal com seu médico, com foco nos mil dias, orientação quanto à dieta, atividade física e riscos, e incentivo ao ALEITAMENTO MATERNO.
– A partir do nascimento: atendimento do recém-nascido na sala de parto; orientações sobre correta técnica de aleitamento materno; incentivo do vínculo mãe-filho.
– Consulta Pediatria/Puericultura: leve seu filho ao pediatra, mensalmente, no primeiro ano e a cada três meses no segundo, depois a cada seis meses e na adolescência a cada ano. É muito importante esse check-up.
– Amamente até os seis meses de idade. Cada mês de amamentação está associado com uma redução de 4% do risco de obesidade. Pesquisas relatam que as taxas de obesidade são significativamente menores em crianças amamentadas.
– Atividade Física: pode ser caminhada, futebol, natação, vôlei, entre outros.
– Alimentação caseira saudável, com pouco sal e açúcar, valorizando os temperos como alecrim, salsa, orégano, manjericão, limão. Consumir frutas variadas, como frutas e verduras, legumes em geral.
Com informações da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina.
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