MOMENTO ACORI: Espelho, espelho, meu…

Aproveitando o “glamour” das corridas de rua, que crescem a cada dia, resolvi escrever sobre o espelho, um acessório de extrema importância em diversas áreas da vida.

O espelho está presente nos banheiros, armários, “closets” e quartos, garantindo ao usuário a apreciação de sua aparência e permitindo verificar situações que exigem melhorias. Também encontramos espelhos nos veículos, inicialmente, para auxiliar os condutores acerca do que acontece na parte de trás dos mesmos, mas muitas “divas” aproveitam a paradinha no sinaleiro para retocar o batom e a maquiagem e alguns “divos” mais vaidosos aproveitam para conferir o penteado (machistas de plantão, por favor não neguem, todos fazem isso).

Também encontramos espelhos nos elevadores, para dar a sensação de ambiente amplo, auxiliando claustrofóbicos a não terem crises de pânico, mas convenhamos, fazendo minhas as palavras de Pedro Bial, também usamos para dar aquela espiadinha, dando uma conferida na aparência.

E nas academias e clínicas de reabilitação? Encontramos espelhos nestes ambientes, onde não é incomum as pessoas olharem e fazerem poses para conferir a evolução de seu treinamento, principalmente nas academias de musculação, mas será que essa é a única função de um espelho nesses locais? Claro que não!

Estou falando, aqui, de uma função muito mais complexa. Tem relação com a aparência corporal também, mas nesse caso, com a percepção corporal. O espelho está ali para auxiliar o esportista a corrigir sua postura através da auto-observação.

Preparem-se, porque a partir desse ponto, dificilmente o leitor irá ver o espelho da academia com os “mesmos olhos”.

Quando utilizamos o espelho para corrigir nossa postura estamos falando de um estímulo neurológico chamado estímulo óculo-motor, ou seja, a interação entre o estímulo visual e o movimento.

Em qualquer atividade motora, os benefícios da utilização de espelhos, no que diz respeito ao aprendizado motor, é mais evidente quando comparado com grupos que realizam as mesmas atividades sem este acessório.

A justificativa para isso está na interação de algumas estruturas do sistema nervoso, intimamente relacionadas ao movimento. Uma delas é o cerebelo e a outra, descoberta na década de 90, são os neurônios espelhos.

O cerebelo é uma estrutura do sistema nervoso central que se localiza logo abaixo do cérebro. Essa estrutura é responsável, dentre outras funções, pelo equilíbrio e coordenação motora. O cerebelo também está relacionado com a forma que “gravamos os movimentos”, principalmente os movimentos automáticos, como andar e correr, pois ninguém fica pensando para trocar o passo, por exemplo, “tenho que avançar a perna direita, agora tenho que avançar a perna esquerda…”, ninguém faz isso. O movimento ocorre naturalmente de forma automatizada. A manutenção da postura ocorre da mesma forma. Ninguém fica se lembrando de endireitar as costas, mesmo aqueles cuja postura já está errada, pois o cerebelo “gravou” aquele padrão de posicionamento de forma que um indivíduo somente percebe a postura errada quando alguém o alerta.

Estudos mostram que o ato da auto-correção e a auto-observação através do espelho permite ao cerebelo retomar a postura correta, “gravá-la” e mudar a percepção corporal deste indivíduo.

Essa teoria foi reforçada na década de 1990, com a descoberta dos neurônios espelhos. Os neurônios espelhos são ativados quando alguém observa uma ação de outra pessoa. O mais impressionante é o fato desse espelhamento não depender obrigatoriamente da nossa memória. Mesmo se fazemos um movimento corporal complexo que nunca realizamos antes, os nossos neurônios espelho identificam no nosso sistema corporal os mecanismos de percepção e os músculos correspondentes, e tendemos a imitar, inconscientemente, aquilo que observamos, ouvimos ou percebemos de alguma forma. Ao utilizar um espelho durante o treinamento, o indivíduo a ser imitado é ele mesmo. Nesse aspecto, existe a vantagem de trabalharmos com a memória dos movimentos, quero dizer, reativar funções motoras que foram perdidas por alguma razão, provocando desvios posturais.

É fato que a autocorreção deve estar associada à orientação dada pelo profissional, seja ele o professor da academia ou pelo fisioterapeuta em sua clínica, para evitar vícios de postura.

Essa informação é de extrema importância para o corredor, pois em outro artigo já foi destacada a importância de uma boa postura para evitar fadiga e lesões, pois o bom alinhamento corporal permite movimentação fluida, sem esforços desnecessários e, dessa forma, o corredor transforma sua pista de corrida em uma passarela.

Gostaria de aproveitar a oportunidade para convidar a todos para a Corrida Rústica que será realizada em comemoração ao vigésimo oitavo aniversário da cidade de Itapoá e que ocorrerá no dia 23 de Abril de 2017.

Realização:
Prefeitura Municipal de Itapoá
Secretaria de Esporte e Lazer
Secretaria de Turismo e Cultura

Organização:
Grupo Divando de Tênis

Apoio:
ACORI – Associação de Corredores de Itapoá

Parabéns, corredores de Itapoá pelos sete troféus conquistados em Joinville. Não é corrida, é desfile!

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Flavio Martelozo

Flávio Rosa Martelozo, fisioterapeuta formado pela PUC-PR (2000), especialista em Fisiologia do Exercício pelo Instituto Brasileiro de Pós Graduação e Extensão (2002), Curso de Extensão Universitária Em Fisioterapia Traumatológica e Ortopédica pela Faculdade Evangélica do Paraná (2004), Especialista em Acupuntura pelo Instituto Brasileiro de Terapias em Ensino (2012). Atualmente, trabalha como profissional autônomo em consultório próprio, e em parceria com empresas de Florioanópolis em Cursos, Assessorias e Perícias em Fisioterapia. Ele escreve o Momento Acori, coluna com dicas da Associação dos Corredores de Itapoá.

Um comentário em “MOMENTO ACORI: Espelho, espelho, meu…

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    2 de maio de 2017 em 14:05
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    Sou musicista e sempre usei o espelho para corrigir minha postura, mas não sabia que isso tinha toda essa base científica.. rsrs
    Obrigada por compartilhar!

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