Sabe o óculos que estava ali na mesa? A chave que estava na porta? Aquelas tantas coisas que, sem mais nem menos, sumiram? Tem tudo a ver com o Saci.
Ele é o personagem mais arteiro e atrevido do folclore brasileiro. Também chamado de Matitaperê, é um negrinho com uma perna só, carapuça vermelha na cabeça, pito no canto da boca, que adora infernizar a vida das pessoas. Quebra coisas, esconde objetos, assusta animais, e outras tantas malvadezas.
Diz a lenda que surgiu entre os índios brasileiros no período colonial e, aos poucos, foi incorporando, por influência dos escravos, as características da cultura africana.
Tio Barnabé, personagem de Monteiro Lobato – entendido em sacis – diz que é um diabinho de uma perna só, a solta no mundo, fazendo travessuras de toda a sorte. Traz na boca o pequeno pito sempre aceso e, na cabeça, a carapuça vermelha que é o segredo da sua força. Garante que quem conseguir tirar-lhe a carapuça ficará por toda a vida senhor de um pequeno escravo.
O Saci, entre tantas coisas, faz azedar o leite, quebrar as pontas das agulhas, sumir as tesouras, embaraçar os novelos de lã, moscas caírem na sopa, queimar o feijão na panela e gorar os ovos das galinhas. Quando acha um prego, vira a ponta para cima para que espete o pé do primeiro que pisar. Tudo o que acontece de diferente é obra e arte do Saci. Não bastasse, ainda atormenta os cachorros, espanta as galinhas e persegue os cavalos no pasto. O Saci não faz grandes maldades, porém não há pequena que não pratique, garante tio Barnabé.
Nasce no taquaruçu, um bambu gigante. Sete é o seu número: leva sete anos para nascer e morre aos setenta e sete, transformando-se em sete cogumelos venenosos.
Tem um furo na palma da mão esquerda que usa para brincar com brasa incandescente. Joga a brasa para cima, ela passa pelo furo da mão esquerda, ele a pega com a mão direita e a joga para cima novamente. Esse movimento forma um círculo que à noite parece um vagalume. Parece, mas não é. Na verdade, é o Saci brincando com fogo.
São três as espécies de Saci: o Pererê, o Trique e o Saçurá.
O Pererê é o mais popular. Tem 57 centímetros de altura e é o único que vem à cidade para descobrir se alguém está aprisionando ou maltratando os animais silvestres. Não gosta de aparições, mas se diverte vendo as pessoas discutirem se ele existe ou não. Costuma provoca-las pegando e escondendo objetos. Foi ele quem escondeu o óculos e a chave, pode crer. Mas, não se preocupe, ele sempre devolve o que pega.
O Trique é o menor de todos. Tem 37 centímetros de altura e vive escondido nas touceiras de bambu. Na floresta, segue as pessoas para ver o que estão fazendo. Assim, ao caminhar na trilha e ouvir um “trique, trique” tal qual gravetos quebrando, é ele que o está seguindo.
O Saçurá é o maior da família. Tem 77 centímetros de altura e também mora no bambuzal. Os olhos vermelhos servem para espantar os caçadores. Quando o cachorro do caçador se aproxima ele o afugenta arranhando a orelha do animal que, assustado, foge ganindo. Se o caçador insiste na caçada, o Pererê dá um assovio para distraí-lo, enquanto o Trique e o Saçurá entopem o cano da espingarda com terra de formigueiro. Ao disparar, explode, o cano racha e o caçador fica todo chamuscado.
Tem gente que costuma capturar o Saci, o que é relativamente fácil. Ele se desloca nos redemoinhos de vento, comuns na primavera. Basta jogar uma peneira, dessas de abanar café, sobre o redemoinho, colocar uma garrafa escura sob a peneira para que ele entre dentro dela. Daí é só tampar com uma rolha marcada com tinta vermelha em forma de cruz. Porém, uma advertência: é preciso cuidado para não deixar que escape, pois se acontecer, ele se vingará, infernizando-o com suas diabruras.
O que quase ninguém sabe é que o Saci não é apenas aquele menino arteiro. Antes de qualquer coisa, é ferrenho protetor da natureza. Quem entrar na floresta deve pedir autorização para ele. Caso contrário, ficará perdido na mata.
Itapoá (primavera), novembro 2017.
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