Aprender a aprender: nossos alunos precisam saber criar conhecimento

Sem imagemQual a realidade da Educação hoje em dia? Certamente, você já se fez essa pergunta, e muito provavelmente, assustou-se com a resposta ou com o grande número de incógnitas gerado por ela. Por isso, convido você, leitor, para uma inicial reflexão sobre o momento educacional no qual vivemos.

A configuração que encontramos na maioria dos espaços educacionais brasileiros é a de uma escola do século XIX, professores do século XX e alunos do século XXI. Parece chocante? Mas é a realidade que se descortina diante dos nossos olhos.

Temos, por tradição, um País que não investe com tanto entusiasmo no Setor, que toma como preocupação, vender uma educação de números, situação em que a cada ano, cai a taxa de reprovação, mas o que se observa é um crescente número de “analfabetos funcionais”, que, por vezes, chegam aos bancos universitários sem sequer dominar o próprio idioma e as quatro operações básicas.

Quanto aos professores, temos aí uma classe trabalhadora, que cumpre seu exercício com amor e por amor. Condições de trabalho cada vez piores, crescente violência, um salário em que, cada vez mais, o poder de compra diminui, e a solução para ter uma vida com um pouco (digo bem pouco) conforto é se dedicar a 60 horas de trabalho semanal, sem contar com as horas extras não contabilizadas no preparo de aulas e correção de avaliações.

Nossas instituições de educação superiores continuam formando professores nos moldes antigos e colocando no mercado de trabalho um número cada ano menor desses profissionais. Por exemplo, em 2014, os cursos de licenciatura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apresentaram uma queda de 50% na demanda. Para cada curso de interesse dos alunos, três de licenciatura tiveram queda no número de matrículas.

Agora falando sobre os alunos. Ah! Os alunos! Esses sempre conectados com um mundo de informações nas mãos, ao alcance de um simples clique, o “estudante digital”.

Eis que surge um questionamento: o que pode ser feito para ajustar essa diferença cronológica entre professor, aluno e escola?

O primeiro passo é a escola ler a comunidade que a rodeia, lembrando aqui, que a instituição é a comunidade, ou seja, não é função apenas da Direção ou da Secretaria de Educação, mas sim de todos: eu, você, o vizinho…

O foco deve se concentrar no aluno. Por muitas situações, o que podemos encontrar é uma educação de massa, conteudista, que se abstem da individualidade. Qual é o interesse do aluno?

Uma tendência que vem mostrando resultados satisfatórios consiste em conectar os saberes de forma multidisciplinar. O professor não é mais aquele que detém o conhecimento – este está nas mãos dos alunos, em seus celulares, tablets e computadores. A postura atual que o professor assume em sala de aula é a de um gestor, instruindo os alunos para que adquiram a capacidade de filtrar aquele conteúdo.

Nós temos uma tradição de darmos mais espaço a abstração e de sermos distantes da vida prática. Isso tudo por medo, mesmo, da interferência social. Isso remonta ao período do Regime Militar. Na escola, os professores não poderiam falar de política, atualidades e nem trabalhar com jornais. A consequência disso é que temos gerações que não sabem pensar. A tradição proibiu o professor de pensar. E essa lógica ainda está presente entre nós, basta ver a forma que foi estruturada nossa Educação, com grades curriculares que aprisionam nossa liberdade de criar.

Devemos vivenciar mais nossa cidade, aprender com ela e, principalmente, aprender com nossos alunos.

Encerro, aqui, citando Paulo Freire, grande educador brasileiro, que diz: “A escola é um ambiente mágico, onde ensinando se aprende e aprendendo se ensina!

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Gabriela de Paula Nascimento

Bióloga, especialista em Biologia Celular e Tecidual pela UFPR. Moradora de Itapoá desde 1992, atua como professora na Rede Estadual de Educação, área em que foca, principalmente, a formação de cidadãos conscientes.

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