Em todos os mitos da criação, ao ser humano foi dado algo a mais, o sopro, a luz, o fogo que o fez se sobressair aos animais e sobre eles reinar. A evolução tecnológica levou o astronauta onde apenas se dirigiam os versos dos poetas. Estamos no auge evolutivo nos setores do pensamento, arte, ciência, comunicação, e somos obrigados a reconhecer nossa pobreza.
Desde a revolução industrial o tempo foi roubado da maioria dos cidadãos para produzir o acúmulo de capital de poucos. O sistema educacional brasileiro com a finalidade exclusiva de formar mão de obra e administrativa nos transmite apenas a capacidade de ler frases e palavras (sem refletir ou interpretar), saber fazer contas básicas e a tabuada de cor, informações históricas e uma série de fórmulas que na maioria das profissões tem o destino de cair no esquecimento. Se tivermos a condição de chegar e concluir o 3° grau, sairemos dele com um conhecimento compartimentalizado de determinado segmento (mesmo no segmento das artes e da área de Humanas) que dificilmente favorece uma reflexão para além do segmento escolhido. Há 100 anos, Walter Benjamin já nos alertava sobre o empobrecimento da nossa experiência. Tudo o que nos acrescente alguma riqueza em nossa humanidade é porque foi garimpado e conquistado fora desse padrão e formatização institucionalizada. Ou seja, aquilo que deveria ser a norma, é exceção.
Assim, nos encontramos na mesma situação do conto popular recolhido por Andersen onde o vaidoso Rei é ludibriado por dois malandros que fingindo costurar uma roupa que só as pessoas inteligentes poderiam enxergar enganaram toda a corte. O avanço tecnológico e comunicativo inegável, na maioria das vezes, não está a serviço da valorização de nossa humanidade e conscientização social, política e cultural, ao contrário, ele, na maioria das vezes, está a serviço de nossa alienação. Ocupados demais para qualquer tipo de reflexão e/ou inaptos para ela o desfile de opiniões sem fundamentação e argumentos racionais nas redes sociais mostram nossa nudez.
É necessário reconhecer nossa pobreza não somente para compreender porque o representante da intolerância tem tantos pontos no Ibope, mas também para a partir deste reconhecimento buscar os mecanismos para sair dela. ‘É prova de coragem reconhecer nossa pobreza’, disse o filósofo supracitado. Se a arte e a cultura é o que coroaria o ser humano reconhecermos hoje a sua falta é prova de coragem. Desse modo assistir hoje um concerto de música erudita mesmo sem entender sobre a história da música e estar receptivo para ela é prova de coragem; iniciar o estudo de alguma das artes mesmo depois de adulto; matricular seu filho e incentivá-lo a tornar-se um artista; angariar recursos para levar a arte para dentro das escolas; abrir um livro consagrado de filosofia ou literatura; participar, valorizar e investir nos eventos artísticos e culturais; escrever um projeto cultural; publicar e ler reflexões com mais de 200 caracteres; fazer qualquer atividade não capitalista-produtiva ou consumista. Essas e inúmeras outras atitudes semelhantes, colocaria-nos no papel da criança deste conto de Andersen que por ser inocente teve a coragem de dizer para todos – O Rei está Nu! – enquanto lentamente, o cortejo caminha em comitiva atrás de um Rei (a sociedade padrão) vestido apenas de hipocrisia.
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