Na maré dos bons resultados, o Porto anunciou e confirmou a ampliação das instalações para quadruplicar a capacidade operacional. Serão aplicados cerca de R$ 450 milhões nas obras, com início previsto para este ano.
A palavra de ordem em Itapoá é ‘crescimento’. Às vezes, com o apêndice ‘sustentável’. Emprego, renda, bem estar e prosperidade, pacote virtuoso de benefícios a serem proporcionados pelo crescimento econômico.
No entanto, há que se refletir sobre a expressão “crescimento”, empregada frequentemente como sinônimo de “desenvolvimento”. Sinonímia, muitas vezes contraditória. Crescimento é um processo quantitativo. Desenvolvimento é um processo qualitativo, permanente.
Taxas elevadas de crescimento podem levar a aumentos insustentáveis. Um crescimento de 7% ao ano significa dobrar o tamanho a cada dez anos. Uma cidade crescendo 7% ao ano durante cinquenta anos terá o tamanho multiplicado por 30. Na mesma taxa, em cem anos, ficará 870 vezes maior. Seguramente, não haverá espaço e nem recursos para suportar as demandas consequentes.
O ambientalista Lutzenberger dizia não entender o porquê da crença de que a economia só será saudável se não parar de crescer, a ponto de ignorar os cálculos exponenciais.
Dizia também que, no mundo dos seres vivos, quando um sistema ultrapassa os limites, inevitavelmente entra em colapso. Uma colônia de pulgões, por exemplo, instalada em um tomateiro, inicialmente seria próspera, cresceria, 2, 4, 8, 16… 1.000, 2.000… e assim exponencialmente até o momento em que o tomateiro não suportaria tantos pulgões em seus ramos e folhas. Murcharia, morreria, e os pulgões com ele.
A situação da humanidade na Terra não é diferente. A população aumenta quantitativamente num ritmo que significaria duplicar a cada 35 anos, ou seja, um contingente de 20 bilhões de pessoas em 2062. O consumo, base do modelo econômico globalizado, estimula a crescer indefinidamente. Para Lutzenberger, dupla exponencial exaurindo os recursos naturais do planeta. A continuar, a humanidade seria alcançada pelo trágico destino do pulgão.
Controvérsias à parte, crescer não é o mesmo que desenvolver. Crescer é aumentar de tamanho. E, aumentar de tamanho não parece ser mais a melhor solução. Quantitativamente, a humanidade foi longe demais. A civilização industrial globalizada expandiu rapidamente e não é mais possível consumir a natureza para fazer riqueza.
Itapoá não vai parar, continuará crescendo. Mas, poderá mais do que crescer, desenvolver qualitativamente. Atributos naturais têm de sobra: águas calmas e protegidas; canal de navegação natural excepcional; praias pouco poluídas; areias limpas e águas quentes; remanescentes florestais ainda bem conservados; cenários deslumbrantes; localização geográfica privilegiada, entre tantos outros.
Para desenvolver com qualidade é preciso levar em conta o conjunto desses atributos traduzidos na vocação turística e portuária da cidade. Uma em complemento a outra, criteriosamente.
O turismo, nas diferentes modalidades, especialmente as relacionadas com a praia e o mar, foi por muito tempo o indutor da economia de Itapoá. Hoje, no discurso desenvolvimentista, ficou reduzida a uma ‘potencialidade’. Mera ‘possibilidade’ para diversificação da atividade econômica, tal qual, no passado, foi à atividade portuária a opção para romper a sazonalidade da temporada de verão.
O pensamento de Lutzenberger pode conflitar com interesses pontuais, mas faz refletir sobre o crescimento especulativo e descontrolado. Coloca em pauta a discussão sobre as consequências do que se convencionou chamar de ‘crescimento desordenado’.
Não é demais, portanto, insistir que sustentabilidade tem a ver com equilíbrio social, ambiental e econômico. Ou, como reza um proverbio alemão, “não é prudente colocar todos os ovos na mesma cesta”.
Inverno, 2016
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