CORE – o centro de força do corpo, por Flavio Martelozo

CORE é uma palavra derivada do inglês, e quer dizer núcleo, centro. No corpo humano o CORE se refere ao quadrante inferior do tronco, mais especificamente região lombar baixa, região inferior do abômen e a pelve, comumente conhecida como bacia. Sua principal função é manter a estabilidade do corpo para proporcionar uma boa base de movimento.

Anatomicamente, o CORE é um conjunto de músculos que formam uma espécie de cinta em volta da coluna lombar e abdômem, proporcionando estabilidade do tronco e boa postura para os movimentos corporais. Mas engana-se quem imagina que a formação deste centro de estabilidade corporal se restringe a apenas os músculos reto abdominal, e oblíquos. Embora estes dois músculos fazem parte do conjunto do CORE estamos falando de músculos mais profundos, pouco conhecidos às pessoas que não fazem parte da área da saúde, como o íliopsoas, multifídios e eretores da espinha; estes são alguns exemplos dos muitos outros músculos formadores deste importante conjunto.

Para facilitar o entendimento e sair dos termos técnicos pode-se dizer que este conjunto de músculos, abrange toda a área abdominal, lombar, pelve (bacia) e quadril.

Esse conjunto muscular é divido em dois grupos, os músculos locais e os músculos globais. O grupo formado pelos músculos locais tem especial importância pois estudos com eletromiografia comprovaram que estes músculos se contraem milésimos de segundos antes de qualquer outro grupamento muscular ao realizarmos um movimento. Isso ocorre porque todo movimento corporal leva a oscilações posturais, alguns em maior intensidade, outros em menor intensidade; e os músculos do CORE tem com principal função estabilizar o corpo para a realização destes movimentos.

Existe uma curiosidade muito grande sobre CORE, talvez coincidências, mas o centro de gravidade do corpo humano localiza-se afrente da segunda vértebra sacral, próximo à região do umbigo. Um termo muito comum aos praticantes de artes marciais tradicionais como o Karatê, Tae-Kwon-Do, Kung-Fu, entre outras, é o Qi-Hai. Segundo a história, o Qi-Hai é uma forma de explosão energética na hora de desferir um golpe, caracterizado por um grito alto, os lutadores dizem que não só é uma forma de intimidar os adversários como também serve para que o golpe desferido saia de forma intensa e explosiva. Segundo os antigos mestres, o Qi-Hai não parte de um grito de garganta, é uma explosão que vem do abdômen, de baixo para cima, gerando uma força maior, e que o ponto exato de partida desta força localiza-se próximo ao umbigo.

Outra “coincidência” interessante é que na medicina tradicional chinesa, mais precisamente a Acupuntura, existe um ponto chamado Qi-Hai, cuja tradução é Mar de Energia ou Mestre da Energia, dependendo do autor e da tradução. Esse ponto é utilizado com frequência para sintomas como cansaço e indisposição, e a localização deste ponto fica exatamente dois dedos abaixo do núcleo central do umbigo.

Não é muita coincidência, diversas culturas diferentes acreditarem, mesmo de forma empírica, que a região do CORE é uma região de extrema importância e, anos depois, estudos científicos comprovarem a mesma coisa? Pode até ser que sim.

O importante é saber que a maior parte dos exercícios abdominais convencionais tem pouca influência sobre a musculatura mais profunda que formam o CORE, atividades como Pilates e o Treino Funcional, dão maior ênfase a estes músculos.

O que se deve destacar é que uma região corporal envolvida com a estabilidade do corpo, especialmente durante os movimento, é de extrema importância para os corredores, pois a deficiência de força neste grupo muscular leva a alterações posturais, desequilíbrios biomecânicos importantes e predispõem não só o corredor, mas qualquer outra atividade corporal, à fadiga e ao aumento do risco de lesões no quadril e na coluna lombar.

Para se ter uma ideia do risco que um corredor corre ao praticar suas atividades com fraqueza no CORE, uma pessoa que tenha essa fraqueza sente dores na região lombar apenas ao ficar sentada algumas horas trabalhando independente das variáveis ergonômicas. Ou seja, se dói apenas para ficar sentado, não precisa nem dizer que a corrida, que impõe uma sobrecarga muito maior, aumenta o risco de lesão.

Felizmente, não é difícil treinar o CORE, como foi dito o pilates e o treino funcional são atividades que dão bastante ênfase neste treinamento. Existem várias outras atividades que resultam em um bom fortalecimento do CORE. Na internet, existem diversos tutoriais e explicações de exercícios com esta finalidade, porém não é recomendável segui-los sem a orientação de profissional da área do movimento humano (professor de educação física e/ou fisioterapeuta).

Para finalizar podemos concluir que nem sempre a barriga de “tanquinho” é a mais forte.

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Flavio Martelozo

Flávio Rosa Martelozo, fisioterapeuta formado pela PUC-PR (2000), especialista em Fisiologia do Exercício pelo Instituto Brasileiro de Pós Graduação e Extensão (2002), Curso de Extensão Universitária Em Fisioterapia Traumatológica e Ortopédica pela Faculdade Evangélica do Paraná (2004), Especialista em Acupuntura pelo Instituto Brasileiro de Terapias em Ensino (2012). Atualmente, trabalha como profissional autônomo em consultório próprio, e em parceria com empresas de Florioanópolis em Cursos, Assessorias e Perícias em Fisioterapia. Ele escreve o Momento Acori, coluna com dicas da Associação dos Corredores de Itapoá.

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