Itapoá Notícias entrevista João Fillipe Westphal Martins, delegado substituto de Itapoá

Natural de Palhoça, região metropolitana de Florianópolis, João Filipe Westphal Martins de 29 anos é o delegado substituto de Itapoá desde o último mês de março (2018). Antes de chegar à Cidade, cursou a academia de Polícia Civil em 2017, foi lotado na própria Academia e, depois, Central Policial de Joinville. Durante a última Operação Veraneio, atuou em Garuva e, em seguida, teve sua primeira lotação definitiva, essa em Itapoá. Confira a entrevista que ele concedeu ao jornal Itapoá Notícias:

Itapoá Notícias: quantos trabalham na delegacia aqui contigo?

Delegado João Filipe Westphal Martins: aqui, somos em dois delegados, titular, que é o Leandro [Lopes de Almeida] e eu, que sou o substituto. A realidade é diferente do que acontece no Poder Judiciário. O delegado substituo, na Polícia Civil, reparte toda a atribuição que tem o delegado titular, incluindo certas atividades administrativas. Além dos delegados, temos quatro policias no plantão, dois policiais na investigação e dois escrivães. Também temos uma estagiária.

IN: a estrutura da Polícia Civil local atende à demanda da Cidade?

Delegado: há dois tipos de estrutura, a de pessoal e a de equipamentos. As duas não são as ideais. Aqui na Comarca, temos uma situação peculiar. Em regra, oficialmente, são 14 ou 16 mil habitantes, mas na prática quase 30 mil. Na alta temporada, tive a informação de que chega a ter 300 mil habitantes. Isso eleva os índices de delito. Por outro lado, comparando com outras comarcas do nosso estado, temos um corpo bom de policiais. Não está sobrando, mas também não está faltando. Isso não se dá só pela falta de recursos [investimentos], mas por questões burocracia também.

IN: quando o senhor chegou em Itapoá, que percepção teve da segurança pública local?

Delegado: a comarca aqui é fronteira com o Paraná e infelizmente a guerra entre facções criminosas em anos passados gerou um elevado número de homicídios na Cidade, um tipo de crime que dificulta a investigação, porque as pessoas têm medo de passar informações e a Polícia fica de “mãos atadas”. Todo homicídio que é praticado, orientamos os policiais militares a não fazerem nada além de isolar o local e nos chamar, porque esse primeiro contato auxilia na identificação. Isso está tendo um resultado muito bom. No meu primeiro dia aqui, já conseguimos esclarecer um homicídio. Antigamente, isso não era possível, porque faltava estrutura. Ainda temos problemas e estamos tentando parceria com outras instituições para ver se conseguimos dar uma melhorada. Somos a polícia que não pode aparecer e isso gera um certo prejuízo para nós no sentido político da coisa. As pessoas não veem a Polícia Civil e acham que a gente não trabalha, mas a nossa intenção é essa de não aparecer.

IN: Itapoá é uma cidade violenta?

Delegado: estatisticamente, a violência, de acordo com a Secretaria Nacional de Segurança, é contada conforme com o número de homicídios. Hoje, três homicídios até metade do ano, para uma cidade de 30 mil habitantes é um número tolerável, ainda mais considerando a realidade aqui, onde facções atuam. Mas o primeiro homicídio [do ano] foi briga entre vizinhos. O segundo, guerra de facções. Decorrências de investigações anteriores conseguiram identificar os criminosos. O que nos incomoda é o roubo ao comercio [por causa da violência com que eles ocorrem], mas a maior quantidade de crimes que registramos é furto, porque há muitas casas de veraneio, sendo fácil para o ladrão e difícil de identifica-lo.

IN: quais os seus principais desafios aqui em Itapoá?

Delegado: tenho afinidade para investigar tráfico de drogas e vim com essa mentalidade, até por conta da minha formação e pelo fato de que eu era assessor jurídico no Tribunal de Justiça, de um desembargador, e eu só cuidava de tráfico. Então, me especializei nisso, mas na atividade policial, eu tenho que ser um “clínico geral” e, hoje, estou gostando muito de investigar roubo. Aqui na comarca, meu desafio é tentar combater, com todas as minhas forças, o tráfico e os roubos a comércio, porque envolvem violência. Os homicídios são um desafio também, mas os que estão ocorrendo, a gente está dando conta. Não posso dizer que meu desafio é tentar achar os autores dos crimes que passaram, porque é difícil. O desafio, agora, é fazer uma dinâmica diferente para que identifiquemos os novos. O combate

ao tráfico é o maior desafio de um delegado de Polícia, porque todos os delitos permeiam o tráfico. Homicídio em relação ao tráfico, furto em relação ao tráfico…

IN: mais alguma consideração que o senhor queira fazer sobre o seu trabalho?

Delegado: a Polícia Civil está sempre à disposição da comunidade e a participação desta nos trazendo informações é muito importante. Todos podem ficar tranquilos com essas informações, pois será mantido sigilo. As pessoas podem não nos ver, mas estamos sempre presentes.

FOTO: Julio Penteriche/Praia de Itapoá SC.

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Equipe Tribuna de Itapoá

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