Bombeiro de folga salva família inteira que se afogava em praia do Pontal do Norte em Itapoá
Um bombeiro de folga salvou uma família inteira que estava se afogando no mar em praia do Pontal do Norte, em Itapoá. O caso aconteceu no início da tarde deste domingo, dia 24 de janeiro, em uma região não favorável ao banho em segurança e sem guarda-vidas, como mostram as imagens.
De acordo com dados do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, muitos afogamentos no município acontecem nesse lugar. Entre os vários motivos, isso se dá pela distância entre os postos: mais de 3 quilómetros; e também por conta da influência na força das marés, que gera correntezas mais traiçoeiras no local. Conforme pode ser visto na animação abaixo:
Diferente das outras praias, que o perigo maior são as correntes de retorno, nessa praia, o perigo é a corrente de descarga. A alta pressão atmosférica provoca o abaixamento do nível das águas, a baixa pressão tem efeito contrário. Tanto uma como outra provocam uma diferença de nível das águas e a consequente formação de correntes. As correntes originadas pelas diferenças de nível denominam-se correntes de descarga. Abaixo é apresentado o horário da variação da maré neste domingo (24/01).
Além dessas condições, o período também coincide com as férias, onde milhares de turistas chegam à Itapoá para aproveitar as praias da cidade. Muitos desconhecem a morfologia e dinâmica destes lugares e se arriscam a nadar em áreas mais profundas.
Outro fator de risco ao usuário da praia é o banho de mar nas áreas não patrulhadas por guarda vidas e em desembocadura de rios, que registram também um grande número de afogamentos.
A mãe das crianças contou que veio passar o final de semana na cidade de Itapoá e, no início da tarde deste domingo (24), estavam a passar um momento na beira da praia do Pontal, mil metros à esquerda do posto 20, quando sua filha, Geovana, de 09 anos, percebeu que o primo, Marcelo, de 05, estava sendo arrastado pela forte correnteza. A família relata que Marcelo usava um colete flutuante, mas acabou sendo arrastado de novo em direção a areia. Geovana, por sua vez, no afã de tentar segurar o primo, acabou sendo arrastada para dentro do mar.
A mãe de Geovana relatou estar na areia e observou sua filha sendo “levada pelo mar”, no momento em que saiu em direção a filha e tentou resgatá-la, segurando-a até pelos cabelos, mas que, em apuros, sua filha a agarrava, tentando desesperadamente flutuar.
O irmão de Geovana, o adolescente Paulo, de 15 anos, estava brincando dentro da água com sua prima, Maria, de 14. Ambos, ao avistarem a criança Geovana sendo arrastada, por extinto, tentaram socorrê-la.
No momento do ocorrido, o 3° Sgt BM Odair Greffin, em seu horário de folga, estava praticando exercícios de corrida. Ele relatou que correu cinco quilômetros e estava terminando com 5 tiros de 200 metros.
Foi quando avistou os banhistas sendo arrastados e logo entrou no mar a fim de resgatá-los. No trajeto, o sargento percebeu que o adolescente Paulo tentou realizar o resgate de sua prima, mas não obteve sucesso. Sendo assim, o sargento orientou-o a ir em direção a uma bola que estava na água, para assim, o próprio sargento tentar alcançar Maria.
Mas Paulo não teve sucesso com o objeto flutuante. Então, o sargento foi em direção à bola e pediu que o adolescente ficasse boiando. Logo ele alcançou a bola para Maria e Paulo e, em seguida, iniciou o reboque de ambos, conduzindo-os a um local seguro.
Quase em local onde os adolescentes conseguissem ficar em pé e em segurança, avistou a senhora Gisele indo em direção a Geovana. No mesmo momento, observou um rapaz indo em direção a senhora Gisele, orientou que ele não entrasse, mas o rapaz o ignorou.
Ao terminar de resgatar os adolescentes, o sargento pediu para alguns populares que estavam próximos algo flutuante, e que chamassem os guarda-vidas do posto 20. Ele se deslocou ao encontro da mãe e da filha. A princípio, abordou Geovana, a criança, pois percebeu que ela encontrava-se em situação mais grave, afogamento grau 2; orientou a senhora Gisele para que, boiando, chegasse junto a ele, e fez a mesma orientação a outro rapaz que entrou para ajudar, mas esse rapaz subestimou sua própria capacidade física, também necessitando de ajuda. O sargento pediu para que todos ficassem calmos e fossem nadando próximo. Em pouco tempo, todos ficaram muito cansados; o sargento percebeu que o Guarda-Vidas Civil Juliano já estava entrando na água e decidiu rebocar a criança, ela estava muito desesperada.
Enquanto o Guarda-Vidas Juliano Zeni resgatou-se a mãe – o outro rapaz permaneceu sendo observado e orientado durante o resgate e conseguiu sair da situação sem maiores problemas.
Já quase na saída da água, um popular alcançou um lifebelt (uma espécie de boia própria para resgate) a eles. Chegando na areia, o sargento colocou todos na posição lateral de recuperação de afogados e solicitou apoio à Central de Operações dos Bombeiros, 193. O próprio sargento alega ter ficado muito extenuado na situação, sentido fortes dores no peito e nas pernas ao chegar na areia com as vítimas.
A guarnição dos bombeiros que estavam trabalhando na praia relatou que aproximadamente às 12:50h estavam no Posto Guarda-Vidas 06, realizando a ronda de praia, quando copiaram a Central de Itapoá chamar o Posto 19 e 20 e os mesmos não responderam. Em seguida, receberam uma ligação do COBOM no celular do Coordenador de Praia informando que houve um afogamento a aproximadamente 600 metros do lado esquerdo do Posto de Guarda-Vidas 20. Então o Sd Rafael ligou do celular do Coordenador de Praia para a Central de Itapoá para obter mais informações. O Chefe de Socorro, soldado Bernardo, confirmou a ocorrência e o endereço.
Após aproximadamente 10 minutos de deslocamento, para chegar ao local, os coordenadores de praia encontraram o sargento Greffin molhado, com roupas de atividade física, auxiliando o guarda vidas civil Juliano e a guarnição da ambulância (composta por dois militares e dois guarda-vidas) a trazer uma maca rígida com uma criança em posição lateral de segurança, oxigenoterapia e manta térmica. Ao perceber a exaustão do 3º Saregento Greffin e do guarda-vidas Juliano, assumiram a maca e auxiliaram o transporte até a ambulância.
No trajeto, Sargento Greffin informou que, durante sua atividade física, se deparou com o afogamento, e que além da criança, outras pessoas da mesma família haviam se envolvido, mas apresentavam sinais vitais estáveis.
Após colocar as 4 vítimas na ambulância e terem iniciado o deslocamento, o guarda-vidas Juliano retornou ao Posto Guarda-Vidas 20. Ao perceber que o 3º Sargento não estava se sentindo bem, e sabendo da possibilidade de ele também ter aspirado grande quantidade de água, o 3º Sargento Lucena decidiu transportar o colega para o PA (Pronto Atendimento) 24 Horas de Itapoá, e após deixá-lo aos cuidados da equipe médica, retornou à ronda.
A menina de 9 anos foi a que ficou em estado mais crítico – foi retirada quase desmaiada da água. Na areia, recebeu atendimento e voltou a respirar. Em seguida, abraçou a mãe. “Fiz os procedimentos que me ensinaram e tentei manter os quatro vivos até que chegasse o reforço”, disse o sargento Greffin. As quatro vítimas foram levadas ao hospital, onde ficaram em observação.
A área onde família estava é sinalizada com placas indicando que não há supervisão por guarda vidas. A família, que é de Curitiba (PR), estava em um dos pontos mais perigosos para banho de mar em Itapoá. “Não esperava correr naquele momento, estar treinando àquela hora. Alguma coisa me levou àquele lugar. Só pode ter sido Deus”, concluiu o sargento que salvou a família.
Do Corpo de Bombeiros Militar de Itapoá, com adaptação da Tribuna de Itapoá.
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