Dez réus envolvidos na Operação “Mensageiro” em Itapoá são condenados

O ex-prefeito Marlon Neuber foi inicialmente condenado a 59 anos de prisão, limitado a 18 anos de reclusão, mas devido ao acordo de colaboração (delação premiada) deve seguir preso até dezembro deste ano (2023)

Nove meses após o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) deflagrar a primeira fase da sua maior operação de combate à corrupção, a 5ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça (TJSC) julgou a primeira ação penal e condenou, por unanimidade, todos os dez réus envolvidos na operação “Mensageiro” referente ao município de Itapoá pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e corrupção passiva.

As penas variaram por réu: a maior pena aplicada a um deles foi a de Marlon Neuber, ex-prefeito de Itapoá, inicialmente condenado a 59 anos, 11 meses e 15 dias de prisão em regime inicial fechado, mais 268 dias multa, limitado a 18 anos de reclusão. Porém, devido ao acordo de colaboração (delação premiada), o ex-prefeito de Itapoá deve seguir preso até dezembro deste ano (2023). Também foi decretado o perdimento do produto e proveito dos crimes, incluindo danos materiais e morais oriundos de corrupção, em favor do município de Itapoá, no valor de R$ 1.682.730,00, que já foi depositado em juízo pelos réus condenados em razão da colaboração premiada.  O julgamento ocorreu na manhã dessa quinta-feira, dia 28 de setembro.

O Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos do MPSC, Durval da Silva Amorim, fez sustentação oral e foi categórico: “as investigações demonstraram uma corrupção sistêmica, complexa e que alcançou cifras milionárias.” Durval explicou a forma de agir da organização criminosa, que estava dividida em dois núcleos, um político e outro empresarial. O Procurador de Justiça Francisco Bissoli Filho também acompanhou o julgamento.

Em seu voto, a Desembargadora relatora, Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt Schaefer, disse que o “processo julgado é um marco, pois é a primeira decisão colegiada de uma operação de fôlego.” Ela votou pela condenação de todos os envolvidos em concurso material, atendendo a tese do MPSC.  Significa que as penas de cada ato praticado pelos envolvidos foi somada.

Os Desembargadores Luiz Cesar Schweitzer e Luiz Neri Oliveira de Souza acompanharam na íntegra o voto da relatora. “Esse processo é, sem dúvidas, o maior em tramitação. Todos os atos da colaboração premiada foram confirmados durante a instrução criminal, confirmando a lisura da colaboração premiada”, ressaltou o Desembargado Luiz Neri em seu voto.

A 5ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça, portanto, acolheu a integralidade dos pedidos da ação penal proposta pelo MPSC. “Operações desta natureza, em razão da sua complexidade, dimensão e repercussão social, são possíveis apenas em razão da atuação do GEAC e da união de esforços de várias instituições que integram a Força Tarefa do GAECO, que incluem o MPSC, a PM, a Polícia Civil, a Polícia Rodoviária Federal, a Secretaria Estadual da Fazenda, o Corpo de Bombeiros Militar e a Polícia Penal. Todas unidas em busca do bem de toda a sociedade e da melhoria da qualidade de vida dos catarinenses por meio da recuperação dos recursos públicos que foram ilicitamente utilizados e poderiam ser investidos, por exemplo, em áreas como saúde, educação e segurança”, comenta o Procurador-Geral de Justiça, Fábio de Souza Trajano.

A primeira fase da Operação “Mensageiro” foi deflagrada em 6 de dezembro de 2022 pela Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos, após investigação feita pelos grupos especializados do MPSC para atuação na área, que são o Grupo Especial Anticorrupção (GEAC) e o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO). Para fazer frente ao crescente volume de trabalho decorrente da Operação, no mês de agosto de 2022, a Procuradoria-Geral de Justiça instituiu uma força-tarefa tanto para o acompanhamento das ações que tramitam perante o Segundo Grau, como para aquelas que foram declinadas para o Primeiro Grau em razão da perda da prerrogativa de foro por parte dos agentes públicos.

A equipe que atua em conjunto com a Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos – pelo GEAC, Promotora de Justiça Marina Modesto Rebelo e Promotor de Justiça Gilberto Assink de Souza e pelo GAECO, Promotor de Justiça Marcio Andre Zattar Cota e Promotor de Justiça Diego Roberto Barbiero -, hoje também é integrada pelos Promotores de Justiça Juliana Ramthun Frasson, Daniele Garcia Moritz e Marcelo Sebastião Netto Campos.

A força tarefa, está incumbida da atuação nas ações já em curso do TJSC, da análise do farto material colhido, investigando diversos novos fatos surgidos, oitivas de investigados e colaboradores, proposição de novas ações penais, acompanhamento de Habeas Corpus e recursos perante os Tribunais Superiores, elaboração de memoriais, além de prestar todo o apoio aos Promotores de Justiça das comarcas nas ações que foram declinadas para o Primeiro Grau, inclusive participação nas audiências de instrução e julgamento.

Ações ajuizadas

No decorrer da Operação Mensageiro, já foram colhidos 971 depoimentos extrajudiciais e judiciais e denunciados 2.769 crimes. Estão em trâmite 121 processos judiciais, incluindo medidas cautelares e colaborações premiadas.

Até o momento, foram ajuizadas 22 ações penais por condutas praticadas nos municípios de Balneário Barra do Sul, Bela Vista do Toldo, Braço do Norte, Canoinhas, Capivari de Baixo, Corupá, Gravatal, Guaramirim, Ibirama, Imaruí, Itapoá, Lages, Major Vieira, Massaranduba, Papanduva, Pescaria Brava, Presidente Getúlio, Schroeder, Três Barras e Tubarão, sendo 7 no Tribunal de Justiça de Santa Catarina e 15 nas comarcas. Uma ação penal foi julgada nessa quinta-feira, dia 28 de setembro, outras cinco estão com a instrução finalizada e as demais em fase de instrução. Cabe recurso da decisão dessa quinta (28).

Da Coordenadoria de Comunicação Social do MPSC, com adaptações da Tribuna de Itapoá.

Avatar

Thiagão

Jornalista pela PUC/PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) com pós-graduação em Marketing Empresarial pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), Thiago Gusso já trabalhou em importantes projetos de comunicação de Curitiba (PR) e Itapoá. Atualmente, responde pela Direção do site Tribuna de Itapoá e do jornal impresso Itapoá Notícias, nos quais segue também em sua atuação como jornalista. E-mail: thiago@itapoanoticias.com

4 comentários em “Dez réus envolvidos na Operação “Mensageiro” em Itapoá são condenados

  • Avatar
    29 de setembro de 2023 em 09:24
    Permalink

    Esse é o país do faz de conta, o sujeito pega quase 60 anos de prisão limitado a 18 anos em regime fechado, faz um acordinho e vai ser solto no final desse ano. Uma vergonha , da nojo dessa justiça , é o país da impunidade

    Resposta
    • Avatar
      13 de outubro de 2023 em 08:28
      Permalink

      Haja visto o governador do Rio Sérgio Cabral que pegou 400anos e ficou menos de dois anos.

      Resposta
  • Avatar
    29 de setembro de 2023 em 08:51
    Permalink

    10 Réus cade os outros 9?
    Ele ficará preso ate fim do ano só? E os 18 anos?
    Informações vagas nos títulos muitos não compreenden seus textos se comenta nos grupos de watts zap mais suas reportagens são interessantes desculpe o feedback.

    Resposta
    • Avatar
      29 de setembro de 2023 em 23:01
      Permalink

      Boa noite!
      Os outros envolvidos ainda serão julgados, pois como é citado no texto (que é do Ministério Público e não nosso da Tribuna de Itapoá), a Justiça condenou “todos os dez réus envolvidos na operação “Mensageiro” referente ao município de Itapoá”. Ou seja, por ser um processo grande, o julgamento foi dividido em partes. Nessa primeira, somenbte os envolvidos com o caso de Itapoá foram julgados.
      As informações (inclusive divulgadas em outros meios de comunicação da região) dão conta que por causa da delação premiada, Marlon Neuber deverá cumprir pena em regime fechado por um ano, ou seja, até dezembro deste ano de 2023. Além disso, também foi condenado a pagar multa. As informações que foram divulgadas pelo MP até o momento não deixam claro, mas por conhecimento de outras condenações, acredito que ele permanecerá com restrição de liberdade, mas em regime aberto ou semi. Também foi condenado há oito anos de ineligibilidade.
      Não tem problema algum você dar o seu feedback. Pelo contrário, agradeço por ele. Infelizmente, as matérias judiciais são complexas até mesmo para nós, de forma que tentamos, mas nem sempre conseguimos simplificar o texto jurídico de forma que fique acessível a todos. Seguiremos tentando.

      Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Deixe seu comentário via Facebook