
Exemplo de São Francisco reforça importância do transporte ferroviário na atividade portuária

A crescente movimentação de cargas nos portos catarinenses revela a importância estratégica da diversificação dos modais logísticos. O Porto de São Francisco do Sul, por exemplo, movimentou cerca de 16 mil vagões ferroviários em 2024, consolidando a ferrovia como um modal fundamental para o escoamento de cargas como soja, milho, farelo e fertilizantes.
Segundo levantamento publicado pelo colunista Jefferson Saavedra, do NSC Total, quase metade da movimentação de soja e milho exportados pelo terminal graneleiro foi transportada por ferrovia, tornando o modal ferroviário um fator decisivo para a eficiência e competitividade daquele porto.
Ao Porto Itapoá, considerado um dos mais modernos terminais portuários da América Latina, a implantação de uma ligação ferroviária é vista como um passo indispensável para superar os gargalos logísticos da atual infraestrutura rodoviária.
Dependência rodoviária: um gargalo para Itapoá
O Porto Itapoá depende do acesso rodoviário pela SC-416, SC-417 e BR-101, rotas que, apesar de importantes, enfrentam limitações como congestionamentos frequentes, desgaste acelerado e alta incidência de acidentes envolvendo caminhões de carga.
A predominância do transporte rodoviário no Brasil gera inúmeros gargalos logísticos e problemas de infraestrutura. Em janeiro deste ano de 2025, foram registrados 130 acidentes nas rodovias federais de Santa Catarina envolvendo veículos de carga, sendo 61 na BR-101, uma das mais críticas da região. A BR-101 é, portanto, uma das rodovias com maior número de ocorrências envolvendo veículos de carga no estado, o que acentua os desafios para a fluidez das operações logísticas.
O excesso de peso em caminhões é outro desafio, pois acelera o desgaste das estradas e aumenta o risco de acidentes. Em 2024, mais de 4,7 milhões de quilos de carga acima do permitido foram retirados de circulação nas rodovias federais do País.
Esses problemas não apenas encarecem o transporte como comprometem a fluidez das operações portuárias, o que pode afetar diretamente a competitividade logística.
Exemplo de São Francisco do Sul
O sucesso do modal ferroviário em São Francisco do Sul demonstra como a diversificação logística é vital. Fertilizantes importados chegam via ferrovia para abastecer o agronegócio de Santa Catarina e do Paraná, enquanto soja e milho seguem o caminho inverso, rumo à exportação. Isso permite maior previsibilidade e reduz os custos operacionais em comparação ao transporte exclusivamente rodoviário. Sem a ferrovia, o Porto de São Francisco do Sul teria sua capacidade drasticamente reduzida, sobrecarregando ainda mais as rodovias da região.
A Chegada da Coamo a Itapoá
A importância da ligação ferroviária a Itapoá se torna ainda mais evidente com a anunciada instalação da Coamo Agroindustrial Cooperativa no munícipio.
O projeto prevê a construção de um novo porto graneleiro, especializado na movimentação de produtos agrícolas como soja, milho e trigo – cargas tradicionalmente transportadas em larga escala por trens em grandes corredores logísticos.
Essa expansão mudará o perfil de movimentação de cargas em Itapoá, trazendo volumes expressivos que exigirão alternativas logísticas eficientes para evitar a sobrecarga do sistema rodoviário.
Sem a ligação ferroviária, o aumento no tráfego de caminhões poderá causar impactos ainda
mais severos nas rodovias da região, reforçando a necessidade de planejamento integrado e investimentos urgentes.
Projetos de integração ferroviária em estudo
Entre as propostas em análise para viabilizar essa conexão ferroviária com o Porto Itapoá estão:
– Ligação com Araquari (113 km), interligando Itapoá à Malha Ferroviária Sul (incluindo acesso a São Francisco do Sul e outros municípios do Norte Catarinense, assim como com o estado do Paraná);
– Conexão até Morretes, no Paraná (83 km), como alternativa viável (ligando Itapoá à Malha Ferroviária Nacional);
– Integração ao futuro Contorno Ferroviário de Joinville (88 km).
Esses projetos abrirão novos corredores logísticos, conectando Itapoá diretamente a polos agrícolas e industriais do interior do país.
Benefícios do transporte ferroviário para o Porto Itapoá e para a região
– Redução da dependência das rodovias: diversificação dos modais e diminuição da sobrecarga nas BRs;
– Competitividade e Eficiência: redução do custo logístico e aumento da segurança no transporte de cargas;
– Desenvolvimento sustentável: menor emissão de poluentes e menor desgaste das vias;
– Fortalecimento da economia regional: atração de novos investimentos e geração de empregos.
Conclusão
O exemplo de São Francisco do Sul deixa claro que a integração ferroviária é vital para o sucesso e crescimento sustentável dos portos catarinenses.
Para o Porto Itapoá, que já desponta como um dos principais terminais de contêineres do país, a ligação ferroviária pode representar um salto de competitividade, consolidando ainda mais a região como um dos grandes polos logísticos da América do Sul.
Com prevista chegada de mais terminais portuários ao município e a falta de investimentos em alternativas logísticas, a infraestrutura rodoviária local poderá se tornar um gargalo intransponível, limitando o enorme potencial de crescimento da região.
Nesse contexto, a construção da ligação ferroviária parece não ser apenas necessária, mas urgente. É fundamental que o poder público e a iniciativa privada unam esforços para viabilizar esses projetos, garantindo um futuro mais promissor para o Itapoá, à região e a toda Santa Catarina.
IMAGEM ilustrativa gerada por IA.
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Jornalista pela PUC/PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) com pós-graduação em Marketing Empresarial pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), Thiago Gusso já trabalhou em importantes projetos de comunicação de Curitiba (PR) e Itapoá. Atualmente, responde pela Direção do site Tribuna de Itapoá no qual segue também em sua atuação como jornalista. E-mail: thiago@tribunadeitapoa.com.br
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