Itapoá Notícias entrevista Tenente Rogge, comandante do Corpo de Bombeiros Militar de Itapoá

Alexandre de Mello Rogge, de 34 anos, é natural de Londrina, no Norte do Paraná, mas foi criado em Curitiba, capital paranaense. Entrou na Academia dos Bombeiros em Florianópolis no ano de 2014, foi para Canoinhas no Norte Catarinense, e no final de 2017, veio para Itapoá, onde desde março de 2018 comanda o Corpo de Bombeiros Militar local. “Vim para trabalhar na Operação Veraneio de dezembro [2017] a março [2018], mas antes, eu já tinha interesse em trabalhar aqui. Comuniquei o Comando e como nunca houve um oficial com interesse de ficar aqui, eles resolveram me deixar”, explica. Confira mais na entrevista que o Tenente Rogge concedeu ao jornal Itapoá Notícias:

Itapoá Notícias: quantos trabalham aqui na Corporação de Itapoá?
Tenente Rogge: estamos em 14 bombeiros militares e temos os bombeiros comunitários, mas o comunitário é um trabalho voluntário. Eles não têm escala fixa. Dos 14, sempre tem algum de férias, porque a gente não pode tirar férias em dezembro, janeiro ou fevereiro [temporada de verão], e o militar tem o direito de licença a cada cinco anos, quando pode tirar mais um mês.

IN: o número de pessoal no Corpo de Bombeiros local é adequado à demanda da Cidade?
Tenente: o número não está adequado, mas não é uma situação de Itapoá. O Estado inteiro está assim. Há uma turma [no Estado] que está se formando em novembro. São 300 novos soldados, mas já estava há mais de dois anos sem formação. Não vai suprir a falta, porque mais gente se aposentou do que se formou. Vai dar um respiro, mas não resolve o problema. Deve vir algum soldado pra cá, não temos nenhum posicionamento ainda, mas no mínimo um vem.

IN: a estrutura física é adequada?
Tenente: o quartel é um problema, porque a edificação é bem antiga. Dizem que já foi Prefeitura e Delegacia. A construção está abaixo do nível da rua e quando chove muito, alaga e não tem o que fazer. Temos uma reserva [financeira] considerável, mas ainda não é suficiente para reformar o quartel, mas vamos fazendo por partes. Ainda temos algumas pendências com relação ao terreno, mas a princípio, não é muito difícil de resolver. Assumi aqui com esse objetivo.

IN: a localização é adequada?
Tenente: considerando que a maioria das ocorrências é em Itapema, eu acho que é bem localizado, mas temos dificuldade nas ocorrências que são na Barra do Saí. Para o Pontal, vamos pela rodovia e não tem erro, chega rápido, mas na Barra é complicado. É muita lombada. Pelo tamanho da Cidade, não chega ser um problema tão grande.

IN: de onde vem a receita para as reformas e aquisições de equipamentos que vocês precisam?
Tenente: a receita dos bombeiros vem de três fontes. Arrecada-se com vistorias às edificações, repasse da Prefeitura e doações da comunidade, através da conta de energia elétrica. Com isso, conseguimos sobreviver. As taxas são definidas por um decreto estadual. Por mais que a gente faça a cidade inteira, não conseguimos suprir nossas necessidades de manutenção e investimentos só com elas. Então, o repasse da Prefeitura é fundamental para fecharmos no azul. Só que esse repasse nem sempre vem. Comparecemos [recentemente] em uma votação na Câmara para brigar por ele. Como a taxa da vistoria é de acordo com a metragem quadrada da edificação, os municípios maiores conseguem sobreviver por si só. Aqui, como é menor, dependemos do repasse.

IN: quais as principais ocorrências atendidas pelos bombeiros em Itapoá?
Tenente: 70% das ocorrências é atendimento pré-hospitalar, mal súbito, que é quando não tem trauma. É grande a qualidade do nosso pessoal, que trabalha, prepara-se, aprimora-se e se dedica à comunidade. A gente só não faz mais, porque não temos mais efetivo.

IN: mais alguma consideração que você gostaria de fazer sobre o seu trabalho e o do Corpo de Bombeiros Militar de Itapoá como um todo?
Tenente: a gente não quer trabalhar com ocorrência, mas temos que trabalhar com a prevenção. Hoje em dia, é muito difícil dar um incêndio grande em uma edificação comercial, por exemplo, tendo em vista que ali há todos os sistemas necessários para que o incêndio seja combatido logo no início. O que temos de incêndio grande é em residências unifamiliares, em casas de madeira, porque até o bombeiro chegar lá, [o fogo] já tomou conta. Temos a questão da praia, que chamávamos de salva-vidas, porque ele deixava o cara lá quase morrendo para ir salvar. Mudou o nome para guarda-vidas, justamente pra fazer a prevenção. Ele tem que estar andando na beira da praia, prevenindo. A gente costuma falar que o acidente ocorre onde a prevenção falha, seja na praia, em uma edificação ou no trânsito. Quanto mais trabalharmos na prevenção, menos a gente atua no final. Quanto mais segura for a comunidade, melhor para todo mundo.

Foto:Julio Penteriche/Praia de Itapoá

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Luana Cristina

Jornalista pela Univali (Universidade do Vale do Itajaí), já trabalhou em veículos de comunicação em Santos (SP), editoras de revistas de Balneário Camboriú e Itajaí. Atualmente, integra a equipe de jornalismo do site Tribuna de Itapoá e do jornal impresso Itapoá Notícias.

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