“Particular e Universal”, por Mutti Kirinus

Bom dia! Boa tarde! Boa noite! É algo que não se diz somente para determinadas pessoas ou em determinadas situações. O respeito e a boa educação carregam necessariamente consigo uma universalidade, vale para seu vizinho da mesma forma que vale para todo ser humano.

Um dos critérios para saber se algum objeto faz parte do elenco daqueles que podemos classificar como obra é arte é também a sua universalidade.  Um poema ou canção de amor somente é realmente um poema se nele podem se reconhecer todos os amantes.  Ou seja, somente podemos considerar um objeto como cultural, no sentido de preservação das artes e um patrimônio da humanidade se ele carregar consigo essa universalidade. A música, a literatura, as artes cênicas e as artes plásticas só possuem sentido enquanto obra de arte porque expressa sentidos e sentimentos universais, que dizem respeito a todo ser humano.

Esse sentimento de que podemos e devemos nos relacionar através desta universalidade está presente tanto em no nosso cotidiano como nos mais complexos tratados filosóficos sobre ética.

Todos sabemos que uma piada de mau gosto é aquela onde alguém, ou uma classe, está excluída de achar graça por motivos diversos. Uma ‘piada’ racista, que envolva alguma característica pessoal, ou sobre uma tragédia social, é um exemplo disso. Isto porque a razão que está disponível de todos nos torna capaz de perceber e diferenciar aquilo que serve apenas para alguns daquilo que é universal.

O mesmo vale para uma música, um show, um poema, um livro, uma pintura, uma peça de teatro, etc.

Esta universalidade está presente nas ciências, filosofia e política. Vivemos em um período de embate nas redes que trata muitas vezes a política sem esta universalidade. A perspectiva apenas da luta pelo poder dos partidos políticos, ou uma discussão semelhante a uma torcida de futebol não tem nada a ver com política. Qualquer diálogo que não esteja pautada em argumentos racionais e em um propósito universal que inclua o ser humano sem exclusões pode ser qualquer coisa menos política.

É claro que podemos pensar em diferentes graus de universalidade de cada argumento ou ação, quanto maior este grau, mais próximo daquilo que merece ser denominado com estes conceitos. Em resumo, ações em Cultura, Ética, Política, Ciência, Arte, Cidadania, etc., só receberão sua validade se forem baseadas sobre sentidos universais e não excludentes.

Mutti

Mutti

Helmuth A. Kirinus é mestre em Filosofia pela UFPR, formado em gestão cultural e músico. Atualmente coordena 8 projetos via lei Rouanet de incentivo à cultura e 4 via Sistema Municipal de Desenvolvimento da Cultura de Joinville. É professor de violão e coordenador da Escola de Música Tocando em Frente em Itapoá. Atua também como representante técnico do setor Comunicação e Cultura dos projetos do Ampliar pelo Porto Itapoá.

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