“Ponto fixo”, por Mutti Kirinus

Em um mundo onde nada permaneceu inalterado, a busca por um ponto de apoio, um sentido e uma direção é emergencial para o desenvolvimento humano em épocas de crise.

‘Me dê um ponto fixo e eu posso mover o mundo’, disse uma vez o sábio e científico Arquimedes, referindo-se a descoberta do cálculo aritmético da alavanca. Ora, o que poderia ser um ponto fixo e que serviria de apoio para todas as situações? Aquilo que uma vez adquirido não pode ser roubado, que reside no interior do ser humano e promove sentido a todas as suas ações, que estará presente até o suspiro derradeiro pois é a sua essência. Estamos falando da capacidade de refletir, de aprender, de sentir, de criar e se expressar. Aprimorar estas capacidades natas é talvez a palavra do momento.  

Qual o mundo que nos espera após a fatalidade da pandemia e seus estragos não podemos prever. Mas através deste aprimoramento seremos seres humanos mais preparados para enfrentar as adversidades com sensibilidade, razão e recursos para tal. Seja para arrumar um emprego, ou encontrar soluções, a aquisição de conhecimentos e a ampliação da capacidade de utilizá-los em benefício social e próprio será de grande valia.

Assim, o estudo da história universal e da história das artes; a contemplação estética das diversas artes; o aprendizado de uma das formas de expressão das diversas artes; o aprendizado de idiomas; a prática da reflexão; a filosofia; o autoconhecimento; o aprendizado de uma técnica ou ferramenta de trabalho; ou seja, a busca e a aquisição de cultura no sentido de patrimônio imaterial da humanidade é o ponto fixo que pode-se construir e apoiar a alavanca para mover os entulhos deixados pelo terremoto do Corona vírus.

Este também deveria ser, como já deveria sê-lo antes da catástrofe, o principal investimento do setor público e privado. Educação e Cultura vão levantar um país, economicamente inclusive.

Mutti

Mutti

Helmuth A. Kirinus é mestre em Filosofia pela UFPR, formado em gestão cultural e músico. Atualmente coordena 8 projetos via lei Rouanet de incentivo à cultura e 4 via Sistema Municipal de Desenvolvimento da Cultura de Joinville. É professor de violão e coordenador da Escola de Música Tocando em Frente em Itapoá. Atua também como representante técnico do setor Comunicação e Cultura dos projetos do Ampliar pelo Porto Itapoá.

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