“Cidade da Música ou Cidade das Artes?”, por Mutti Kirinus
Com o crescimento econômico e demográfico de nossa cidade, é necessário também um crescimento, na mesma proporção, nos setores que atendem às necessidades fundamentais materiais e imateriais para um crescimento saudável de nossa cidade.
Entre os elementos essencialmente imateriais, estão a educação e a cultura. Digo essencialmente, porque eles também necessitam de suportes materiais, locais, infraestrutura, mas prioritariamente dependem do conhecimento e transmissão de saberes através de material humano com expertise e conhecimento notório nesses saberes, a saber, os artistas, professores de artes, e professores em geral.
Antes de seguir na reflexão, é importante ressaltar que todos os investimentos em cultura pelas administrações públicas são dignos de aplauso, e o reconhecimento e gratidão por esses investimentos é a energia que fará brotar novos investimentos, sem é claro deixar de sugerir melhorias durante o processo, já que todo bom projeto é uma construção dentro de uma dialética entre o campo ideal e a realidade possível para o momento.
Dito isso, junto com o crescimento demográfico, vemos um crescimento de produtores, artistas e trabalhadores culturais nos mais diversos segmentos artísticos. Para que esse crescimento da cidade seja saudável, é preciso que ele dê vazão para que essas atividades tenham seus espaços garantidos dentro da lei orçamentária anual, e contribuam para inibir as mazelas que são uma tendência do sistema capitalista de economia, mas que podem ser contornadas através de uma política democrática e social na gestão dos municípios.
É muito comum à classe artística, devido ao seu produto, a arte e a imersão social e existencial para gerá-lo, carregar consigo uma maior consciência crítica e social. Daí deriva o ataque pérfido a grandes artistas através de fake News e manchetes tendenciosas impulsionadas e financiadas por ideologias de extrema direita a esses artistas.
Em Itapoá não é diferente. Com esse crescimento de artistas e produtores, de várias ideologias políticas, e de diversos segmentos, já se formou um Fórum permanente, em que na primeira reunião, tivemos 27 participantes, trocando ideias sobre o rumo da cultura, sobre as necessidades mais urgentes para que esse caminho posso ser positivo e possível.
Minha sugestão, como artista e produtor cultural, continua sendo, constantemente solicitada desde 2015, a criação da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, com editais de Prêmio e Mecenato, para todos os segmentos artísticos. Essa seria a forma mais participativa de fazer com que os diferentes artistas, o recurso público, e a iniciativa privada pudessem escolher democraticamente a direção que a cultura vai tomar, direção passível de, ano a ano, ser renovada inclusive.
Segundo setor responsável em Itapoá, a lei está pronta há tempos, mas nunca se concretiza. No lugar dela, foi feito o plano Foral, digno de aplausos como mencionei, mas que privilegia a música, o qual sou grato, mas que deixa de fora, ou a desejar, diversos outros setores artísticos. Com uma consciência um pouco mais ampla, sabemos que artes se alimentam umas das outras, e é necessário um crescimento orgânico entre todas elas para que elas promovam um lucro social sólido dentro de uma cidade.
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