Uma discussão necessária , por Werney Serafini

A cada nova administração, invariavelmente, surgem debates sobre a construção de uma rodoviária em Itapoá. Afinal, as cidades costumam ter um terminal rodoviário de passageiros, especialmente as que recebem turistas e visitantes nos fins de semana, feriados prolongados e, principalmente, no verão. Além da população permanente que demanda para outros municípios, por razões diversas.

Discute-se e, infelizmente, sem suporte de estudos técnicos sobre a real necessidade de um terminal rodoviário para passageiros no município. As discussões aumentam e ficam calorosas quando o tema transcende para a localização da rodoviária.

A característica urbana de Itapoá difere de muitas outras cidades. Itapoá cresceu e continua crescendo no sentido horizontal. Implantada a beira mar, seguiu, nem sempre ordenadamente, a linha da costa, numa extensão de quase trinta quilômetros de praia. Formaram-se núcleos isolados entre si, a exemplo da Barra do Sai, no extremo norte, Itapema e Itapoá no centro, e Pontal da Figueira no extremo sul e entre eles, outros menores. Esses agrupamentos surgiram espontaneamente e foram interligados inicialmente por um único acesso.

O modelo de urbanização e as poucas alternativas para a locomoção das pessoas não proporciona consenso quanto ao local mais apropriado para a localização de uma rodoviária.

Na pratica, os ônibus chegam, percorrem a cidade, sentido sul/norte, embarcando e desembarcando passageiros em ‘pontos’, desprovidos de qualquer benfeitoria para conforto dos usuários. Alguns, sequer tem a indicação de parada. As passagens têm que ser adquiridas em Itapema, na ‘agencia’ da empresa concessionária do transporte.

Fato é que nos 28 anos de emancipação política, mesmo com o significativo incremento demográfico, e as pontuais tentativas de cada administração, Itapoá não possui uma rodoviária e, seguramente, nas condições de mobilidade urbana existente, dificilmente terá.

A um olhar mais apurado, Itapoá, talvez, nem precise de uma rodoviária nos moldes tradicionais, isto é, um único e concentrador terminal de passageiros.

Talvez uma alternativa baseada no modelo em prática, seja a solução. Ao invés de uma rodoviária central, os ‘pontos’ existentes seriam substituídos por terminais modulares menores, adequados às necessidades de cada localidade.

Projetar-se-ia um equipamento urbano moderno, confortável, com desenho e visibilidade agradável, próprio para as pessoas aguardarem os ônibus, disponibilizando no local Internet, instalações sanitárias, iluminação, câmeras de vigilância, acesso interligado ao transporte urbano atual. Acoplado a uma parada para a Policia Militar, proporcionando segurança ao terminal e, por extensão, à comunidade local.

No mandato de uma administração, poderiam ser construídos quatro ou mais terminais, atendendo, inicialmente, os núcleos mais populosos da cidade e, certamente, a custos bem menores que os necessários para o empreendimento de uma rodoviária tradicional.

E, como contribuição para a polêmica, a sugestão para a construção de um protótipo na Avenida das Nações, no Balneário Princesa do Mar, próximo a escola Frei Valentim, local amplo que reúne condições de espaço e localização ideais para um terminal desse tipo.

Itapoá, outono de 2017.

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Werney

Werney Serafini é presidente da Adea – Associação de Defesa e Educação Ambiental. Acredita no desenvolvimento de Itapoá com a observância de critérios ambientalmente adequados.

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