“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, por Werney Serafini

Tema recorrente, – para não dizer repetitivo – trata da balneabilidade em Itapoá, em outras palavras, da qualidade da água do mar para os banhistas.

A FATMA, hoje Instituto do Meio Ambiente (IMA) realiza o monitoramento da qualidade da água do mar nas praias catarinenses, serviço público valioso para a saúde e segurança dos moradores e turistas no litoral de Santa Catarina.

Pesquisas sobre as condições de balneabilidade são realizadas em vários balneários, apontando se as suas águas estão PRÓPRIAS ou IMPRÓPRIAS para o banho no mar, ou seja, se estão ou não contaminadas por efluentes domésticos.

As análises são baseadas na contagem da bactéria “escherichia coli”, presente nas fezes de animais de sangue quente, entre eles humanos, e que pode colocar em risco a saúde das pessoas.

Realizada sistematicamente desde 1976, obedece a normas do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente).

Amostras são coletadas em 500 quilômetros da costa catarinense, nos locais sujeitos a contaminação e, entre eles, os que apresentam grande fluxo de banhistas. De abril a outubro as coletas são mensais e de novembro a março, período de maior público, semanais.

As amostras com 250 mililitros são colhidas em até um metro de profundidade em cada ponto. O material é submetido a exames bacteriológicos por 24 horas sendo necessárias cinco semanas consecutivas de coletas para obtenção de resultados tecnicamente confiáveis.

A água é considerada PRÓPRIA quando em mais de 80% das amostras, tenha no máximo 800 unidades de “escherichia coli” e IMPRÓPRIAS quando em 20% dessas amostras for superior a 800 unidades, ou ainda quando a última amostra superar 2.000 unidades por 100 mililitros.

Em Itapoá quatro locais são monitorados: no final da Rua 650 em Itapema do Norte (Ponto 01); entre as ruas 1020 e 1030 no Balneário Paese (Ponto 02); na Rua 1970 no Balneário Palmeiras (Ponto 03); e na Rua 20 na Barra do Saí (Ponto 04).

Indiscutivelmente, serviço necessário que proporciona tranquilidade e segurança para as pessoas que vem ao litoral de Santa Catarina em busca de lazer e a Itapoá, atraídos por praias de águas quentes, limpas, não poluídas consideradas, 100% balneáveis na mídia.

Recente matéria no jornal Itapoá Notícias, divulgou que no mês de agosto passado, o litoral catarinense apresentou o melhor resultado do ano, com 80,3% dos pontos monitorados considerados apropriados para o banho no mar.

Entretanto, Itapoá desde amostragem realizada em abril deste ano, deixou a condição de 100% de balneabilidade, pois o ponto de coleta nº 1, localizado no final da Avenida 650, foi considerado improprio, ou seja, Itapoá não tem mais 100% de balneabilidade, conforme é divulgado no município.

Uma leitura atenta nos Relatórios de Balneabilidade apresentados pelo IMA nos últimos anos, traz dúvida quanto a totalidade da balneabilidade em Itapoá, pois no auge da temporada, é comum a impropriedade no ponto de coleta da Avenida 650, situado em Itapema do Norte principal praia do balneário, gerando, por conseguinte, apreensão e insegurança.

A par disso, há que ser analisada a suficiência dos pontos de monitoramento em Itapoá. Quatro locais em quase 30 quilômetros de orla deixam significativos trechos a descoberto, a exemplo, o trapiche público ao lado da ex-Pousada Lafitte, a praia frontal ao Porto de Itapoá, além de outros que com o acentuado crescimento da cidade, passaram a ser intensamente frequentados.

Portanto, não é demais reprisar sugestão feita ao Comitê Gestor que tratou da revisão do Plano Diretor de Itapoá, para que se estabelecesse em conjunto com o órgão estadual de meio ambiente, uma condição de monitoramento permanente na maioria dos cursos d’água que chegam ao mar.

Medida necessária para que Itapoá continue conhecida e reconhecida, verdadeiramente, como um dos poucos balneários em que a água do mar não está poluída.  Aliás, o principal atrativo turístico da cidade.

Como lembra o dito popular, “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” assim, quem sabe para a temporada que se aproxima.

Itapoá (Primavera), setembro de 2019.

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Werney

Werney Serafini é presidente da Adea – Associação de Defesa e Educação Ambiental. Acredita no desenvolvimento de Itapoá com a observância de critérios ambientalmente adequados.

Um comentário em ““Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, por Werney Serafini

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    1 de junho de 2020 em 13:35
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    Sr Werney Serafini, fiquei preocupado,pois estou negociando um imóvel na região das três pedras e pelo artigo me parece que o monitoramento do IMA aponta esta região como contaminada por coliformes . Devo confiar na solução deste problema pelo poder publico ou procurar outro município para investir.

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