“Cultura é essencialmente Universal”, por Mutti Kirinus

Quando fala-se de cultura temos que ter em mente que sua essência é universal. Uma obra de arte, de qualquer segmento, somente pode receber este título porque traduz os desejos e anseios de toda humanidade. Neste sentido, é estranho, e talvez vá contra a própria essência da cultura promover uma espécie de bairrismo cultural. É óbvio que se deve valorizar os artistas e produtores culturais de nossa região, porque eles são representantes de uma universalidade que encontra expressão nos seus produtos culturais. No entanto, se a própria cultura encontra seu alimento em uma universalidade, a troca com artistas e produtores de outras cidades é mais benéfica do que um fechamento de fronteiras.

Em período de eleições em uma visão mais imediatista busca-se votar em alguém que represente de um ou outro setor econômico ou localidade. Seguindo uma lógica simples, quanto mais setores e localidades maior sua representatividade. Ora, se a arte e a cultura é essencialmente universal e, assim, ela tende a representar todo o ser humano através de suas expressões, o candidato que tem em sua bandeira o fortalecimento da cultura na cidade, seja auxiliando os artistas locais ou proporcionando trocas com representantes da cultura vindos de fora, é o candidato que representaria o maior número de pessoas.

Vale lembrar que, apesar de uma tentativa vã da extrema direita em criminalizar a cultura e diminuir o seu valor, ela além de representar toda uma cidade no acréscimo de cidadania presente nos seus valores universais, impacta positiva e diretamente na educação, economia, saúde e segurança.

Se desejamos alguém que represente toda uma cidade, como no verdadeiro sentido da palavra política, aquele que tem a cultura como prioridade está mais próximo dessa real representatividade. Vale lembrar, como nos ensinou Paulo Freire, que é preciso diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, e em época onde imperam discursos cheio de promessas, ouvi-los através do questionamento do que cada um fez e faz pela cultura no presente para medir o que se fará no futuro.

Da mesma forma, tanto nas prioridades do Legislativo como no Executivo, uma ferramenta capaz de representar todos os artistas de maneira homogênea e democrática é a criação da lei de incentivo a cultura. Ela sim é capaz de representar todo o setor da cultura para que este não dependa apenas das iniciativas da Secretaria de Turismo e Cultura, que mesmo que quisesse, não dá conta das inúmeras necessidades que surgem constantemente dentro de cada segmento, e nem de apoiar o surgimento de novos segmentos culturais na cidade.

Mutti

Mutti

Helmuth A. Kirinus é mestre em Filosofia pela UFPR, formado em gestão cultural e músico. Atualmente coordena 8 projetos via lei Rouanet de incentivo à cultura e 4 via Sistema Municipal de Desenvolvimento da Cultura de Joinville. É professor de violão e coordenador da Escola de Música Tocando em Frente em Itapoá. Atua também como representante técnico do setor Comunicação e Cultura dos projetos do Ampliar pelo Porto Itapoá.

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