“Passado, presente e futuro”, por Werney Serafini
“Adeus Ano Velho, feliz Ano Novo”, soa a canção na virada do ano. Versos alegres, cantados no momento exato em que a realidade nos faz passado e no presente escolhemos o futuro. Metamorfose inexorável do viver.
Velho e novo; velhice e juventude. A Velhice contraponto da juventude é pouco lembrada e, às vezes, sequer respeitada. Parafraseando Leminski, tudo que “respira, transpira e conspira” remete à juventude; ao envelhecimento muito pouco, não tem glamour.
O tempo passa e o corpo se transforma. Rugas marcam a pele, o cabelo rareia, embranquece, a atividade física diminui e a expressão “velho” surge como sinônimo de passado, coisa ultrapassada e até descartável.
Surge então a pergunta: O que fazer na inevitável passagem da juventude para a velhice?
Carl Jung, compara a vida humana ao caminho do Sol. Ao amanhecer, acumula gradativamente luz e calor; ao meio do dia, atinge o ápice; a partir daí segue reduzindo o brilho, até apagar no poente. Complicado é entender que essa diminuição é apenas uma troca de sentido, pois o sol jamais se apaga.
Há pessoas que perseguem o mito da eterna juventude, como se o entardecer da vida não tivesse valor. Outras se apegam as vivências do passado e reagem contrárias às mudanças. Renitentes, ficam reduzidas às lembranças vividas.
O jovem, sugere Jung, precisa encontrar na relação com o mundo o que o homem na velhice deveria encontrar dentro de si. “Há uma necessidade de reconhecer o engano das convicções defendidas, sentir a inverdade das verdades”, diz.
Em algumas sociedades modernas, entre elas a nossa, o velho não encontra apoio. Não é reconhecido como a pessoa experiente, capaz de perceber os acontecimentos que fogem à pressa dos jovens.
Deveríamos apreender com a cultura oriental, que honra os velhos pela capacidade de reflexão que têm; que considera a velhice imagem da imortalidade e da sabedoria.
Consta em antigos escritos, que o sábio Lao-Tsé, no século VI a.C., impune e cheio de glória, nasceu com os cabelos brancos e o aspecto de ancião.
Dediquei esta crônica a inspiradora Mônica, no Ano Novo em que completou 97 anos de vida, vibrante, ousada e persistente.
Feliz e venturoso Ano Novo!
Itapoá (Verão), dezembro de 2022.
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